domingo, 14 de dezembro de 2008

O porquê de Sentenced ser minha banda preferida

Posted in , , , by Bruno Marconi da Costa | Edit
Vamos sair um pouco do lirismo, apesar de eu não conseguir me livrar diretamente da filosofia.

Sentenced é minha banda preferida. Vide meu last.fm (http://www.last.fm/user/BrunoKarameikos). Vou explicar nesse post os motivos para eu gostar tanto dessa banda finlandesa que foi enterrada viva em 5/10/2005. E, deixando bem claro, gosto a partir da entrada de Ville Laihiala nos vocais da banda: do CD Down até o Funeral Album.

Musicalmente falando, a banda me agradou bastante os ouvidos. Sim, pois eu comecei a ouvir Heavy Metal há uns anos atrás, e sempre caí mais pro lado do Metal Melódico. E enjoei, como muitos haviam me advertido que iria, de bandas com vocalistas que cortavam os testículos para chegar a notas agudíssimas, solos rápidos simplesmente para serem rápidos e letras do tipo "sou épico, mato dragões e converso com anões". Também nunca me agradou muito as musicas massantes do Prog Metal, com longo solos virtuosos em tempos mais quebrados que os vasos que Chapolim esbarra todas as tardes.

Me encontrei no Gothic Metal finlandês, principalmente os com vocal masculino, pois não tem firulas sem deixar de ter certo requinte. Sentenced, ao ouvir, percebe-se que o vocal de Laihiala é com emoção mas sem apelar para técnicas agudíssimas para "se mostrar". É um vocal rasgado e, bem, de homem. Combina com o que a banda quer passar.

Mas o que mais me importa em citar aqui no blog são as letras do Sentenced e como me identifiquei TANTO com elas. Para um ouvido distraído, parece que as letras falam simplesmente sobre morte, suicídio, melancolia e etc. Mas, de uma maneira geral, são muito mais poéticas e filosóficas que qualquer outra banda de Gothic que se encontra nos ouvidos de muita gente.

Vou citar alguns exemplos aqui.

Dead Moon Rising, (http://letras.terra.com.br/sentenced/82820/) do album Crimson, trata do cair da noite e da interação do eu-lírico com o fim do dia, sendo este seu próprio fim. Enquanto a Lua ascende aos céus, o homem desce à terra. "Porra Bruno, toda banda de Gothic" fala disso. Mas essa letra trata do assunto de uma maneira especial, com um lirismo diferente e profundo, tirando o tema do clichê. Pela primeira estrofe já se percebe isto. Atente a idéia da noite saindo de uma concha e imagine a imagem.
The darkness comes out of her shell…
Yet another cold night in Hell with all the pain
The dying light is losing its glow
And my last glimmer of hope now fades away

Brief is the Light, (http://letras.terra.com.br/sentenced/115488/) do album The Cold White Light, fala da efemeridade da vida e da incompreensão por parte do ser humano da passagem do tempo. Por isso, mostra um carpe diem, pois nossa vida é uma luz breve e devemos aproveitar o maximo de cada dia, pois podemos ser o próximo na fila do tempo para apagar esta luz.
Hear these words I say:
- Make the most out of your day
for brief is the light on our way
on this momentary trail.

Hear these words, awake:
- Make the most out of your day
for brief is the time, so brief is the time
that we're allowed to stay.

Life passes by, melts away like snow in the spring.
We all are blind to the running of time.

Blood and Tears, (http://letras.terra.com.br/sentenced/115499/) também do The Cold White Light, fala da capacidade humana para superar nossas vidas, sempre cheias de problemas. De alguma maneira, a cada "chute da vida", voltamos rastejando para continuar vivendo, para levar outro chute. Mas mesmo assim, insistimos. Vivemos. Não desistimos. Mesmo entre sangue e lágrimas. Sofrimento e tristeza, encontrando sentido para as coisas que nos valem, nem que seja somente momentâneo.
What is it that we’re waiting for?
Looking forward to, preparing for?
Like kicks us in the teeth
Yet something makes us crawl back for more...

Blood and tears upon the altars of our lives we shed
Blood and tears until the sweet release we share in death
Hours like days, weeks feel like years
Decades of Tears
Yet somehow everything seems so worthwhile
For a moment... For a moment...

A música mais filosófica do Sentenced é também do The Cold White Light, e fecha o referido album. Ela é a No One There. (http://letras.terra.com.br/sentenced/114882/) A música, pra mim, é uma das melhores composições do rock, tanto o instrumental quanto a letra. Tratando aqui da letra, a música fala da proximidade da morte. Do que se pensa quando se vê que a morte está chegando e do outro lado não existe nada. A letra toda é uma pérola, uma preciosidade incomparável. Desespero, angústia, tristeza... perceber que somos apenas um com nossa morte, e morreremos sempre sozinhos. Ninguém pode morrer por nós nem conosco, e que não tem ninguém depois da luz. Apesar de ser, para mim, um grande sofrimento tentar reunir aqui alguma parte da letra, vou fazê-lo para manter a forma do post.
When the wind blows through my heart
Shivers me one last time
As I now reach out in the dark
No one there
Why did it have to be so hard
For us to live our lives
Again I reach out in the dark in despair

Your love for me, my love for you
Things we somehow managed to lose
Now there's only the ruthless wind
To blow right through
If freezes my heart, my desperate
To think we both will die alone

E, finalmente, a música que melhor explica o conceito e o caminho da vida, para mim, é a We are but falling leaves, (http://letras.terra.com.br/sentenced/206529/) do The Funeral Album. Somos um caminho para a morte, seja lá qual escolhemos. Somos raios de luz, que viajamos até chegar ao chão. Mas o que mais me toca é a ultima frase da música, que mostra o aprendizado pelo contraste (comparando o que é com o que não é, lado a lado) no maior exemplo para qualquer indivíduo: "Just when we realize that we are alive, we die"
At life's eve our flames will cease
Eternally, unavoidably
Eventually all paths will lead
To the cemetery

We are but falling leaves in the air hovering down
On our way we are spinning around
Scattered fragments of time
Like beams of the light we are
That's all we are

Enfim, não que seja necessário dar motivos para um gosto musical ou seja la qual, mas estes são os fatores que me tocaram em relação ao Sentenced, dando atenção especial às letras. São letras filosóficas, de um cunho um tanto humanista, ainda que melancólicas. Se eu fosse postar ainda as sensacionais letras sarcásticas e as belas letras de amor do Sentenced, esse post ia ser maior ainda.

Fica para o próximo.

3 Comments


  1. Anônimo

    Bruno, só vim aqui dizer que não me senti nem um pouco ofendido com o que você comentou no meu blog www.teletube.tv e que respeito mesmo as opiniões de pessoas que argumentam com classe, como você fez.

    Peço desculpa por realmente não gostar, não conseguir gostar de TM. É coisa minha, e acho que blog tá aí pra isso, escrever intimamente como se fosse só pra si mesmo.

    Obrigado por visitar o blog, e aguardo mais comentários por lá. Não sou tão ácido quanto pareço. Não que isso vá mudar sua vida (:

    Abraços.

    15 de dezembro de 2008 às 00:00

  2. Waltécio says:

    Parabéns pelo blog, Buno!!! continue a escrever para ele logo "encorpar".

    Pena que depois de meu segundo "orkuticídio" os posts na comunidade do Sentenced desapareceram. Você conhece minha opinião sobre o Sentenced (também minha banda preferida) e metal quse como um todo = música boa, inconformista, com propriedade e conteúdo (arte, história, ciência e filosofia).

    No One there é uma obra-prima. Eu até me atrevi a dizer que tanta realidade crua sobre nós humanos é muito similar "Náusea" de Sartre.

    Claro, nada disso seria importante se a música e melodia não agradassem. Por exemplo, gosto muito de ciência, mas não curto o Vintersorg. Sem querer ofender os fãs dessa banda, mas não consigo digerir a música deles. Tenetei muito gostar, principalmente na época que andava lendo sobre espirais e evolução. O álbum que comprei do Vintersorg é todo conceitual sobre esse tema "Visions From The Spiral Generator".

    Da mesma forma que você, o Sentneced me cativou logo pelos ouvidos. Depois, abri o encarte de meu Crimson... quase chorei. Quer dizer, chorei mesmo foi no The Cold White Light com No One There.

    Sem contar que os caras fizeram algo estranho, mas muito legal. Uma coleção com começo, meio e fim. Tem um álbum de encerramento. Pô, lembrei demais do Sandman, quando Neil Gaiman decidiu pela morte do personagem. Boas histórias possuem um fim.

    Eu não apenas me diverti muito com Sentenced, aprendi também.

    Bem, é isso!

    Abraço e tudo de bom para você, Bruno!!!

    15 de dezembro de 2008 às 00:48

  3. Gisele de Souza says:

    Belos momentos andando pela Península falando sobre isso =D heuiaheiaheiaeheaueiheaui

    No one there e Brief is the Light são FODAS DEMAIS!!O The Cold White Light é foda demais XD
    Procura umas músicas do Moonspell, capaz de vc gostar de algumas letras também.

    E gostei do layout =D

    ps: Esqueceu da mais filosófica de todas:Nepenthe!!HAEHAEIHAEIHAEIHAEAEHUAEUEIAUA

    15 de dezembro de 2008 às 13:05