segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

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com o silêncio
rasgamos nossa pele;
rasgamos nossos ossos;
rasgamos nosso pensar;
rasgamos nosso sentir;

E o que sobra?

Ainda,

O não-rápido
ou o sim-lento
do si-lêncio?

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Pratas que fluem para outros corpos

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A chuva que prateia o asfalto não é a mesma que cai sob os túneis. A prata do chão é o prato de alguns, roubada por tantos outros.
É quente a luz que emana dos postes, mas gelado o cimento em que se apoia o invisível. Mesmo que tapem-buracos, fluem globalizadas as gotas prata-escarlate para outros corpos. Não tem cor o sangue do nosso organismo. Não que vejamos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Cortes

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Em pé, na estrada, te desejo;
Na viagem dos dias, me destrói o peito.
Sem ar, canso por esquecimento
Do cambaleante peso que contempla a luta.

De joelhos, na taverna, te maldigo;
Numa prece caótica, me completa.
Forçado é o riso, mas perenes
São as cicatrizes que me levam.

Sentado, na cama, te espero;
Entre as sobras do desespero, uma esperança.
Nos meus olhos fundos, sem mordaça
Nas memórias de onde fui e do que eu era.

Tu és a adaga comemorativa
Das batalhas que travei por 10.000 anos.
Lutei; fui derrotado;
Saltei como cavalo e me arrastei como rei;
No fim
Venci.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Tudo rejunvelhece

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Em sursis.
Com o mundo que muda, o resto cria ruga.

Seguramos nossos dedos,
com o doce passar das tardes. 

A noitinha começa a cair e,
com um leve esfriamento penumbrioso,
parece acolher-nos em alívio imediato.

Chega a noite vazia:
Nossos dedos não estão mais tão fortes.
Lutam entre si, tentando se apertar.

A madrugada esfria,
O apertar dos dedos não faz mais tanto sentido
A luta começa a esvair-se
Como machucados que curam rápido demais.

Quando tudo parece estar perdido,
E os dedos encostam-se apenas por uma célula...

A manhã chega,
e
lentamente
os dedos
apertam-se.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Soneto 145 – Luís de Camões

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Vencido está de Amor     meu pensamento
o mais que pode ser       vencida a vida,
sujeita a vos servir         instituída,
oferecendo tudo             a vosso intento.

Contente deste bem,      louva o momento,
ou hora em que se viu    tão bem perdida;
mil vezes desejando       a tal ferida,
outra vez renovar          seu perdimento.

Com essa pretensão      está segura
a causa que me guia      nesta empresa,
tão estranha, tão doce,   honrosa e alta.

Jurando não seguir         outra ventura,
votando só por vós         rara firmeza,
ou ser no vosso amor     achado em falta.

 

Aos atentos, porém desconhecedores da gramática portuguesa medieval e moderna, o J tem a mesma grafia de i, e v a mesma de u. :)

domingo, 13 de março de 2011

Inlutodo

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Que não se prenda em mim o desejo de lutar:
Voe livre em palavras, atos e olhares.
Pois examino as ideias que tenho e não gosto
Com o pudor de uma cafetina desmiolada
Que explora a puta, mas dá comida e casa.

Sua existência se mantém. Ideia que se vende
Por algumas palavras de além.
Perco, por ela, banhos
ônibus
equilíbrios (em tropeços)
e sonos. (mas não os sonhos)
Faz-me refletir, as vezes me muda o pensar

Depois de um tempo, tempo, tem-po.
Continuo enfrentando o que considero mal com os ares de um secundogênito periférico
Porém por meios diferentes.

Luto contra a lata:
Brado a todo detalhe novas palavras vis e violentas!
Mas se puxar a corda com demasiada inconsequência,
o tiro sai sem direção.

O lutador muda. (até o luto).
A luta, não.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Para as vítimas inocentes das ocupações favelísticas

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ele diz para
não para
dispara
paradise.