com o silêncio
rasgamos nossa pele;
rasgamos nossos ossos;
rasgamos nosso pensar;
rasgamos nosso sentir;
E o que sobra?
Ainda,
O não-rápido
ou o sim-lento
do si-lêncio?
com o silêncio
rasgamos nossa pele;
rasgamos nossos ossos;
rasgamos nosso pensar;
rasgamos nosso sentir;
E o que sobra?
Ainda,
O não-rápido
ou o sim-lento
do si-lêncio?
A chuva que prateia o asfalto não é a mesma que cai sob os túneis. A prata do chão é o prato de alguns, roubada por tantos outros.
É quente a luz que emana dos postes, mas gelado o cimento em que se apoia o invisível. Mesmo que tapem-buracos, fluem globalizadas as gotas prata-escarlate para outros corpos. Não tem cor o sangue do nosso organismo. Não que vejamos.
Em pé, na estrada, te desejo;
Na viagem dos dias, me destrói o peito.
Sem ar, canso por esquecimento
Do cambaleante peso que contempla a luta.
De joelhos, na taverna, te maldigo;
Numa prece caótica, me completa.
Forçado é o riso, mas perenes
São as cicatrizes que me levam.
Sentado, na cama, te espero;
Entre as sobras do desespero, uma esperança.
Nos meus olhos fundos, sem mordaça
Nas memórias de onde fui e do que eu era.
Tu és a adaga comemorativa
Das batalhas que travei por 10.000 anos.
Lutei; fui derrotado;
Saltei como cavalo e me arrastei como rei;
No fim
Venci.
Em sursis.
Com o mundo que muda, o resto cria ruga.
Seguramos nossos dedos,
com o doce passar das tardes.
A noitinha começa a cair e,
com um leve esfriamento penumbrioso,
parece acolher-nos em alívio imediato.
Chega a noite vazia:
Nossos dedos não estão mais tão fortes.
Lutam entre si, tentando se apertar.
A madrugada esfria,
O apertar dos dedos não faz mais tanto sentido
A luta começa a esvair-se
Como machucados que curam rápido demais.
Quando tudo parece estar perdido,
E os dedos encostam-se apenas por uma célula...
A manhã chega,
e
lentamente
os dedos
apertam-se.
Vencido está de Amor meu pensamento
o mais que pode ser vencida a vida,
sujeita a vos servir instituída,
oferecendo tudo a vosso intento.
Contente deste bem, louva o momento,
ou hora em que se viu tão bem perdida;
mil vezes desejando a tal ferida,
outra vez renovar seu perdimento.
Com essa pretensão está segura
a causa que me guia nesta empresa,
tão estranha, tão doce, honrosa e alta.
Jurando não seguir outra ventura,
votando só por vós rara firmeza,
ou ser no vosso amor achado em falta.
Aos atentos, porém desconhecedores da gramática portuguesa medieval e moderna, o J tem a mesma grafia de i, e v a mesma de u. :)
Que não se prenda em mim o desejo de lutar:
Voe livre em palavras, atos e olhares.
Pois examino as ideias que tenho e não gosto
Com o pudor de uma cafetina desmiolada
Que explora a puta, mas dá comida e casa.
Sua existência se mantém. Ideia que se vende
Por algumas palavras de além.
Perco, por ela, banhos
ônibus
equilíbrios (em tropeços)
e sonos. (mas não os sonhos)
Faz-me refletir, as vezes me muda o pensar
Depois de um tempo, tempo, tem-po.
Continuo enfrentando o que considero mal com os ares de um secundogênito periférico
Porém por meios diferentes.
Luto contra a lata:
Brado a todo detalhe novas palavras vis e violentas!
Mas se puxar a corda com demasiada inconsequência,
o tiro sai sem direção.
O lutador muda. (até o luto).
A luta, não.
ele diz para
não para
dispara
paradise.