sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Balada do Amor Clichê

Posted in , , by Bruno Marconi da Costa | Edit
Ela tinha o sorriso bobo de tanto se apaixonar
Ele tinha o andar torto de tanto se embreagar
Se encontraram no vagão do trem a se movimentar
Ela sorriu pra ele e o rapaz veio a se envermelhar...

Então começou mais uma linda história de amor
Chocolates e lençóis mesmo na ausência do calor
Algumas brigas resolvidas com um coração de flor
Cada um dava a si seu respectivo valor...

Veio então o dia que ela queria se libertar
As palavras em francês do ébrio não iriam adiantar
As juras de amor iam novamente se quebrar
As brigas já não faziam um ao outro se agüentar...

O sorriso bobo se tornou um olhar de fúria
O andar torto voltou a pertencer à boemia
E os dois passaram a taxar seu amor de infâmia
Separaram-se mas guardaram aquela velha chama...

No trem se encontraram depois novamente
O apaixonado bêbado guardava seu amor latente
E ela o amara de um modo um tanto diferente
"Aquele sentimento que explode no coração da gente..."

E ali mesmo começaram, então, a se amar
Com toques apaixonados vieram a se beijar
A população em volta começou a reclamar
E o maquinista passou a se preocupar...

O trem então perdeu a sua direção
Descarrilhou e caiu em alto-mar
E a morte encontrou os dois amantes
Sorriso torto e andar bobo na eternidade.




Blablabla, clichê. Blablabla, rimas pobres. Blablabla, forma tosca. Aham. Tudo pensado.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Anacronia

Posted in , , , , by Bruno Marconi da Costa | Edit
Chama-se a isso, se bem me lembro, a irreversibilidade do tempo.
Jean-Paul Sartre (A Náusea)

Revirando sentimentos enquanto o sol se põe. Sentimentos que nunca senti, na verdade, e que vêm com memórias. Pensamentos utópicos e inúteis de "o que poderia ter sido?" a "foi como tinha de ser". Não. Não foi como tinha de ser. Talvez um erro meu, talvez uma insegurança dela, mas as coisas nem sempre são como tinham de ser. Elas simplesmente acontecem, e temos que lidar com as conseqüências.

Esse sentimento me deixa sem chão. É extremamente estranho sentir-se apaixonado por memórias de algo que não chegou a ser uma paixão em si. Isso só me faz pensar que as lembranças estão sempre relacionadas ao que pensamos e sentimos hoje. Mas é estranho também o sorriso dela estar tão bem pintado e colorido em minha mente, quase como um Monet. Os olhos expressivos também são importantes, fractando-se a cada sorriso.

Mas isso não é nada pragmático. Como assim, se apaixonar por uma memória? Por um sentimento anacrônico? Pior, um sentimento que pode ser também crônico. Sinto como se não pudesse mais viver sem ele, mas sei que provavelmente amanhã acordarei e nem lembrarei do que estou sentindo no momento.

Tudo que eu queria agora era voltar no tempo e reviver o que acontecera, talvez mais intensamente, com o que sinto agora. Não é propriamente um arrependimento, só uma maneira diferente de ver o que aconteceu. Sei, claro, que é impossível, e isso revira meu estômago e mente de uma maneira inexplicável e que nunca senti antes, desta maneira.

O que eu realmente sei é que eu gostaria que ela tivesse me amado. Gostaria que eu fosse a última imagem em sua mente antes de dormir e a primeira depois de acordar, naquela época. Hoje já não sei. Pensava que minha paz se encontrava em minha solitude, e nesse exato momento ela está abalada.

Agora o Sol já está posto e incontáveis estrelas se põem no céu. Com o Sol, se foi a anacronia? Não sei. Só vendo o sorriso dela, hoje, meus sentimentos se decedirão: sincronizar a paixão ou deixá-la na memória. Eis a questão.