quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Clausura

Posted in , , , , , by Bruno Marconi da Costa | Edit
Uma clausura própria, e por escolha. Escolha por necessidade de arrumar as coisas e entender que diabos aconteceu. É assim que eu me sinto, preso entre as quatro paredes da minha existência as vezes tão tola a ponto de cultivar sentimentos como o medo ou o amor.

Sofro de uma prisão nauseante de incapacidade. É como se a cada dia levassem as mais importantes características do meu ser para dentro de um mar das contingências destruidoras de sonhos, usando como armas a rotina do dia-a-dia. Colocam sobre nossa mente que precisamos dançar conforme a música, mas o ritmo é em si uma tranca para um sorriso matinal.

Se for um amor ou medo quaisquer, tanto faz, no final. De uma maneira efêmera, meus sentimentos se tornam fortes para, de um lado, me decepcionar - como é o caso do amor - e, do outro, superar - o medo. Meu maior amor eu ainda não encontrei, e meu maior medo é me tornar apático. Apático a ponto de não querer mais me livrar dessa prisão, dessa solitude, que eu mesmo construi ao meu redor. A ponto de não abrir os olhos e viver uma vida medíocre.

É preciso buscar a transcendência, sempre. É preciso libertar-se, a cada dia, a cada minuto, das grades que constroem e que nós construímos para nós mesmos. E a cada libertação, novos grilhões, pois temos que ter responsabilidade sobre nossos atos e escolhas. E é aí que os sentimentos se diferem: o verdadeiro amor não é aquele que cria medo ao objeto amado ou por ele em si, e o verdadeiro medo é relacionado ao amor que você tem a certos aspectos da sua vida - seja uma causa, seja um afeto. Os dois se unem pela palavra prudência.

E talvez seja por essa prudência que me tranco em paredes ontológicas. Não quero sufocar a mim mesmo vivendo livremente e conhecendo o mundo como uma abelha descobre o que acontece quando perde seu ferrão. Preparo-me, então disputo o mundo. Destruo as fronteiras, como um casulo e como um desbravador. Ser alguém novo, o tempo todo. Essa é a nossa condição como seres livres.

2 Comments


  1. Verônica says:

    gostei e me identifiquei hahah :(

    6 de novembro de 2008 às 18:07

  2. Alberto Kury says:

    Liberdade é não ter medo mesmo, mas dá um medo ser livre não? Quem nos aprisionam somos nós...pra variar escreveu bonito, Bruno

    Grande abraço! e a música?

    Sobre o comentário da política: manifestar-se apolítico é uma forma de política? Não sei ainda...

    26 de novembro de 2008 às 15:36