Subiu degrau por degrau para o terraço daquele prédio de quinze andares. A cada degrau, alternava entre inspiração e expiração. De fato, precisava estar inspirado para fazer o que queria fazer.
Chegou ao topo e olhou para o céu. Algumas núvens roxas pinceladas, mas as estrelas brilhavam como se estivessem milhões de anos luz mais próximos. Não, provavelmente era só aquele prédio a menos de distância mesmo. Mas elas o maravilhavam, e mesmo a lua tímida e minguante no canto de sua visão não prendeu sua atenção. Provavelmente se ele estivesse apaixonado prestaria mais atenção à Mulher da Noite Prateada que a cada mês brilha mais forte, mas não naquele dia.
Enquanto caminhava a passos curtos por aquele chão acima do nível do mar em direção ao abismo, observava as luzes lá embaixo. Daqui de cima parece tudo tão bonito. Pena que lá embaixo tudo é diferente. É sufocante, claustrofóbico, os brilhos que parecem tão belos na verdade me cegam. Não existe outro caminho.
Até que chegou à borda daquele mundo que pertencia naquele momento. Olhou em volta e nenhum som realmente chegava aos seus ouvidos, apenas ecos da vida lá embaixo, como memórias que atormentavam sua mente cansada. Realmente, aquilo parecia bonito, mas era o inferno para ele. Fechou os olhos e respirou fundo.
Ao abrir, olhou para cima e soltou o maior grito que poderia sair daquele corpo. O som ecoava nas estrelas enquanto, por sua boca aberta, seus pulmões de um azul celeste saiam. Ele foi se tornando luz no mesmo momento que de suas costas asas, brancas como sua alma, explodiam suas costas em busca de liberdade. Seu coração brilhava mais vermelho que nunca, e seu grito continuava entoando a mais bela canção libertadora para ele em toda a sua vida.
Antes do grito terminar realmente, ele apagou e desapareceu. Chegou ao extremo de ter de sumir para chegar à liberdade, visto que nem em um caixão se sentiria livre. Sua existência se foi, mas eu ainda ouço os ecos de sua voz a noite, que viaja pelas estrelas, me puxando para fazer o mesmo que ele um dia. Simplesmente gritar, sumir, e ser livre.
Amo
Há 11 anos
Verônica says:
Aposto que ele tava gritando la do último andar da UERJ!
q
"A cada degrau, alternava entre inspiração e expiração. De fato, precisava estar inspirado para fazer o que queria fazer."
HAuhaHAUHAUH lembrei da historinha que eu te contei!
- O que é inspiração?
- É...*pensa e respira fundo*
- Ah tá entendi!!
o.O
beigos!
26 de abril de 2008 às 09:05