Olho-te como quem contempla
o encanto de encantar-se com a estética
da distância, ponte que nos liga;
da presença, aperto que nos afaga.
Ouço-te como quem concentra-se
Nos cantos dos pássaros livres:
De peito aberto, por quilômetros
Voam melodiando para o infinito.
Beijo-te como quem deplora
o vazio que nos separa;
Esperando o torpor-toque
do gosto salgado de tua pele.
Sinto-te como quem sonha
Relógios derretidos de Dali;
Angustiante descompasso
Não te alcançando em tempo-espaço.
Choro-te como quem espera
olhar, ouvir, beijar, sentir
Choro, também, em êxtase
Pelo abraço de acreditar nesse momento.
Enfim,
Quero em ti nossa completude
E acolhimento;
Amo-te como aquele que ama:
Eu, a ti.