Antes de ler o resto do post, "ganhe" 10 minutos da sua vida assistindo o vídeo abaixo:
We All Want to Be Young (leg) from box1824 on Vimeo.
Eu achei o vídeo de muita qualidade, gostaria de adicionar algumas perspectivas sobre as informações e análises feitas na obra.
Ao contrário da geração dos anos 60, 70 e parte dos 80, a nossa não pensa em mudar o mundo, efetivamente. Já comentei em outro post a misantropia de parte dessa população, que se preocupa mais com animais e discursos vazios de ambientalismos do que com seres humanos propriamente ditos - e, como eu disse, não que lutar por isso seja ruim, mas a não integração com a luta por uma vida melhor é, no mínimo, abstenção. Talvez o vídeo mostre bem: os que têm de 18 a 24 anos chegaram a um patamar em que podem se acomodar, fechando os olhos para as mazelas do mundo. De fato, creio que isso seja um reflexo do ambiente no qual esses jovens de hoje viveram sua infância, ou seja, os anos 90: explosão de individualismo cultural, na carroagem histórica liderada pelo neoliberalismo, levou a uma descrença geral no outro.
Não podemos esquecer que o avanço da internet, em sua totalidade, é para poucos. Aposto que a grande maioria dos leitores deste meu blog, que possivelmente se identificaram com o vídeo (como eu), passam pelo menos 4 horas por dia na frente de uma tela de computador, enquanto a grande maioria não se encontra em tal situação de acesso a altas tecnologias ou independência econômica. Ou seja, o vídeo trata, especificamente, de uma juventude multi-cultural de classe média, e eu, sinceramente, não sei a que ponto isso pode ser expandido para outros setores desta e de outras sociedades e culturas no globo.
Realmente, a publicidade ajudou a "matar" nossos "grandes heróis" de overdose. Enquanto os heróis da década de 60 e 70 eram guerrilheiros, revolucionários, buscavam mudanças, os de hoje são vampiros que brilham no sol, bruxos, elfos, e é neles que nossa juventude se reflete: em heróis domados, domesticados, que não criam grande "arruaça" à ordem vigente. E é dessa maneira que os mais velhos nos influenciam: limitando nossos pontos de atuação.
Enfim, relacionada aos seus predecessores, a nossa juventude é reacionária e humanisticamente alienada. Existem muitos avanços no campo das liberdades pessoais que poderiam ser conquistados: a discussão sobre a questão do aborto, do casamento homossexual, do estado laico, desenvolver mais a tolerância multi-cultural (onde o filme já aponta conquistas), valorização da educação e da saúde públicas... Enfim, não é uma juventude de buscar a prática libertária, e sim de usufruir das vitórias das outras gerações e voltar-se para o próprio umbigo, de maneira EXTREMAMENTE instantânea, em contradição com as grandes conexões que a internet nos permite fazer.
Anônimo
A prática de ler provas de alunos, me fez grifar o que achei mais legal no seu texto:
"na carroagem histórica liderada pelo neoliberalismo, levou a uma descrença geral no outro."
Uma constatação lógica embora ainda exista quem negue.
"Os (heróis) de hoje são vampiros que brilham no sol, bruxos, elfos, e é neles que nossa juventude se reflete: em heróis domados, domesticados, que não criam grande "arruaça" à ordem vigente. E é dessa maneira que os mais velhos nos influenciam: limitando nossos pontos de atuação."
De toda forma, ainda fico com os ídolos do passado...
"Enfim, não é uma juventude de buscar a prática libertária,sim de usufruir das vitórias das outras gerações e voltar-se para o próprio umbigo, de maneira EXTREMAMENTE instantânea, em contradição com as grandes conexões que a internet nos permite fazer."
Fato. E eu me incluo nisso, pouco orgulhosa, mas me incluo.
Parabéns pelo texto, ótimo complemento! =)
9 de novembro de 2010 às 10:55
Anônimo
Adorei o texto e o vídeo, se me permitir o incluirei em meu blogger.
Não acho hoje que tentar mudar o mundo seja uma má idéia, mas sim uma péssima idéia, pois, todas as vezes que se mata um "demônio", surge outro ainda pior para tomar o seu lugar e acho que a nova geração já entendeu isso. Entendeu que o importante não é derrotar o "demônio" e sim neutralizá-lo.
Grande abraço.
16 de novembro de 2010 às 15:18
Ana Maria Madeira says:
Na geração que privilegia a influência (baseada o peso que a reputação ganhou na Internet), a (pseudo-)desalienação pode até estar em voga - afinal, pega bem para o currículo ter feito trabalho voluntário.
Mas o que importa é isso: deixar sua marca pessoal nessa nuvem gigante cheia de vozes superficialmente apaziguadoras e domesticadas.
Deixar a marca, ir embora e atualizar o currículo com a "nova experiência".
Acho bem, mas bem triste...
16 de novembro de 2010 às 18:42