O grande problema de tirar fotos é que parece que o tempo não foi feito pra isso (se é que ele foi realmente feito pra alguma coisa). Temos nossa memória, e ela se esvai por algum motivo especial para nós. Pra mim, a grande beleza da fotografia é essa: transformar em eterno o que seria esquecido.
Eu tenho fotos no computador de épocas que me machucam lembrar. Digo, talvez eu não esteja vendo tudo isso pelo lado certo (se é que ele existe), e também não quero esquecer o que aconteceu no meu passado, por razão de amadurecimento. A questão é que a memória de um momento trás, como que acorrentadas, diversas outras memórias, de uma maneira extremamente caótica e de dificil controle.
“Olha, essa foto! Nós estávamos sorrindo e felizes, andando pela cidade… Ah, essa época era boa… mas… o que aconteceu depois? Será que ela saiu com fulano e me traiu, como eu achava na época? Será que ciclano realmente ligou para a briga que desmanchou nossa amizade ou não tinha a mesma importância pra ele? Minha vida era tão diferente anter de ter acontecido aquele fato. Como eu consegui ser tão babaca?”
Aí você pode chegar pra mim e falar: “Bruno, é só deletar as fotos e ser feliz!”. Eu não quero deletá-las. Acho apagar, destruir, qualquer que seja a coisa, um ato de violência muito grande contra nossa possível vontade de rever tudo com outros olhos no futuro, quando já houver superado, e dizer “Putz, como eu cheguei a pensar isso?”.
Drummond Paulo Roberto Gaefke (obrigado pela correção, Dehynha ;D), desculpe-me, mas tenho que ir contra sua faxina na alma. Tudo que nos prende ao passado só é visto dessa maneira que você combate por causa do nosso presente. Nossas experiências talvez sejam a única coisa nossa, e só nossa. Várias pessoas, em diferentes épocas da vida, podem olhar para uma mesma foto de maneiras diferentes. Talvez a melhor maneira de lidar com o negativismo do passado é superando e encontrando a importância do momento para a nossa vida. Assim, aquela foto, daquela pessoa, daquele momento, daquele sorriso que depois virou lágrima, daquela careta que gerou briga… ganhará um brilho diferente. Entraremos, enfim, em harmonia com o nosso passado.
Verônica says:
Olha, vou discordar só um pouquinho!
Tudo o que realmente foi importante na nossa vida vai ficar eternizado, independente das fotos tiradas nesses momentos...
Sou a favor da faxina na alma ;) Não acho saudável pensar no que ainda machuca a gente.
A superação virá naturalmente com o passar do tempo e se a situação que foi motivo de mágoa tiver um certo significado na sua vida, você vai lembrar mesmo depois da faxina :)
31 de março de 2010 às 14:48
Verônica says:
Nossa mente é o melhor album de fotografias que existe hehe x)
31 de março de 2010 às 14:49
Céu do Entardecer says:
Bruno
Lindo texto...me tocou profundamente...
Tbm tenho fotos guardadas q me rasgam por dentro toda vez q vejo...mas como a Veronica disse mesmo sem elas eu lembraria e sofreria da mesma forma pq fotos são a materialização de nossas memórias.
Se essas fotos te machucam fique longe delas por um tempo. Vc está mto certo em não deleta-las, isso seria um profundo desrespeito com você, com o seu passado e com o seu futuro...
beiJU
31 de março de 2010 às 16:20
Gisele de Souza says:
Acho que o negócio é superar as sensações más que o passado trás,sem necessariamente isso ter a ver com as fotos. Acertar as coisas, se necessário, e seguir com sua vida.
Por que ainda olhar para o passado pelas lentes de uma câmera?
Por que não outros focos (ops), outras maneiras de enxergar as coisas?
E se é o negócio é a câmera mesmo, por que não pensar em fotos presentes e futuras,com outros objetos, em outros cenários?
E você pode ter as fotos guardadas, mas simplesmente não olhar para elas, esquecer que elas existem pelo menos até esses fatos do passado siginificarem apenas aprendizado e não trazerem mais essas mágoas.Aí então volte a olhá-las com olhos mais felizes e curta seu amadurecimento =)
Não sei se eu estou conseguindo passar um ponto, nem se algo que eu estou dizendo te sirva, nem se eu realmente estou entendendo alguma coisa do que você quer dizer, mas estou tentando XD
31 de março de 2010 às 16:24
Eáranë Elendy says:
31 de março de 2010 às 21:04
Anônimo
Brunin! :D
Antes de comentar, preciso corrigir: Faxina na Alma nunca foi e nem tem traços do Drummond. É de um cara muito talentoso, Paulo Roberto Gaefke: http://www.meuanjo.com.br/as-mais-lidas/recomecar/
Mais um texto atribuído equivocadamente... Só mencionei pq o crédito tem de ser correto, né? :)
O seu texto, muito elucidativo, traz no contexto uma profunda confusão de sentimentos. Li e fiquei confusa sobre o que vc quis passar. Não consegui ver se vc prefere ver as fotos e aprender com elas, ou se elas te fazem sofrer.
Pra mim, fotografias são pedaços de vida. Não devem ser esquecidas no fundo do armário. Mas tb não curto sair exibindo pela minha casa. São preciosas pra mim. Cada foto, independente da imagem congelada que traz, tem sentimento. Fala por si. Consigo sentir cada olhar. Sinto o cheiro, ouço o ambiente.
Qdo fotografo, quero satisfazer o que o fotografado quer registrar, mostrando a ele como eu o vejo.
Não sei se vale pra vc, mas...qdo olhar uma imagem, não pense no que veio depois. Apenas sinta o momento de novo. Relembrar é viver de novo o mesmo momento. O tempo passa e só nos sobra isso: saudade.
Beijo e até breve! :)
2 de abril de 2010 às 09:44
Renato says:
Achei curioso ser do Drummond, mas não saberia o detalhe se não fosse a Andrea.
Quanto ao texto, você não acha que o que você falou perpassa qualquer ação humana? Todo objeto (em qualquer dimensão) é uma tentativa de eternizar o momentâneo. A busca pelo que era momentâneo durante a criação é o que mais me interessa, como artista.
Mantenha o alto nível. :}
2 de abril de 2010 às 10:55
Renato says:
adição: qualquer ação humana produtiva.
2 de abril de 2010 às 10:57