quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Devaneios Urbanos

Posted in , , by Bruno Marconi da Costa | Edit
O silêncio da cidade. No Centro, ando pelas ruas apertadas de gente, a passos de pingüim, em direção à Praça XV. De fato, a Cidade não está vazia, mas em minha mente é como se estivesse. Nenhum rosto dali é familiar. Pra mim, são todos pessoas quaisquer, que se sumissem dali não fariam diferença alguma.

Porém, são todos indivíduos, todos com suas vidas, seus sofrimentos. Andam, como eu, no meio da multidão. Andam, como bois, no meio do pasto, a procura da melhor comida, a procura do melhor emprego, a procura da melhor saída. Não tem saída. Eu não tenho saída também, visto que eu não faria falta também na vida de ninguém dali.

O silêncio da cidade. Os carros passam, mas já não os ouço, porque se tornaram o background de tudo que faço. As buzinas entram por um ouvido e saem pelo outro. Talvez se fosse para o campo todas as buzinas e freadas continuariam ecoando na minha mente até eu me acostumar com os grilos rurais.

Por um momento reparo um mendigo, um qualquer, sentado embaixo de uma marquise. Calado, chama atenção naquele pandemonio multi-étnico que é o Centro da Cidade do Rio de Janeiro. Mas não chama tanta atenção assim. Olho para ele, sinto certa pena, uma pena humanista de perceber que existem milhares a minha volta que, como eu, estão bem melhores que eles por terem, no mínimo, roupas novas e cabelos limpos. Penso que deveria ajudar mas sigo meu caminho. Assim como as centenas que seguem o caminho comigo. Ele, definitivamente, não tem saída.

Esse mendigo não é o único. Vejo pelo menos uns quinze no caminho. Percebo três. E não faço nada. Não tenho muito o que fazer. Eles são mais um background da cidade que, assim como as freadas, as buzinas, as pessoas sem face e minha indiferença perante isso tudo, já fazem parte deste ambiente tão cinza e asfixiante.

De fato, o silêncio da cidade, além de ensurdecedor, nos ofusca.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Brasileiros, sim. Mas... por quê?

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Falar de uma identidade nacional brasileira é complicado, devido a multiplicidade de culturas presentes dentro do território conhecido como Brasil. Levando em consideração que qualquer divisão política é uma total abstração - por exemplo, não existiu um Império Romano de uma maneira natural, e sim uma convenção entre os homens - o que faz de mim, um carioca, de um acreano, de um cearense ou de gaúcho, brasileiros?

De fato, não é a língua. Acho que há um bom tempo a língua deixou de ser um fator para a criação de uma identidade nacional. Vamos ao exemplo da Suíça: o norte fala alemão, o nordeste fala francês e o sul italiano, e mesmo assim todos levantam os braços e se auto-proclamam suíços. A Língua Portuguesa não é unitária no Brasil, visto que existem várias expressões que as diferentes regiões não se fazem entender. E, mesmo se fosse unitária... Portugal, Angola e Moçambique seriam Brasil?

Com certeza também não é a religião, por motivos óbvios e claramente vistos no cotidiano. Mesmo a maioria da população se dizendo católica, existem milhões de protestantes, evangélicos, espíritas, seguidores das religiões afro-descendentes... logo, não existe uma verdadeira unidade.

Se formos ver pelo lado da Cultura, menos ainda. Podemos tomar por exemplo a visão que o Brasil exporta em relação ao seu turismo. Ele não exporta o Cangaço, os índios amazônicos, a música sertaneja ou o Centro de Tradições Gaúchas. Ele exporta o Corcovado, a caipirinha, samba, carnaval, bundas... de fato, características bastante regionalizadas do sudeste brasileiro, mais especificamente do Rio de Janeiro.

Não é o índio, porquê não influênciaram muito na população brasileira por terem sido dizimados na colonização. Não é o português, porquê existiram outros colonizadores europeus. Não é o negro, porquê não existe a cultura negra é só uma parte no Brasil. Não é o asiático porquê vieram tardiamente.

Mesmo assim, mesmo não encontrando um motivo real, algo que nos una por completo, todos gritamos "SOU BRASILEIRO", com orgulho ou não. E realmente, esse meta-nós pode ser a única coisa que nos une. Não é, de longe, porque nascemos em algum lugar, pois filhos de brasileiros no exterior podem ser considerados brasileiros. Não é, também, o fato de estarmos sob a presidência de um mesmo senhor sem dedo, pois nem todos votaram nele. E é claro que essa união sem motivo é boa para esse tal Brasil que não sabemos o que é, visto que temos algo pelo que lutar, algo para transformar, e com certeza segregação nos seria nocivo: "dividir para conquistar", diziam os Romanos. Então, quanto mais aceitarmos as diferenças entre as regiões e tentar consertar o que há de mal, melhor para essa nação em constante construção, que é o Brasil.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

MÚSICA DA SEMANA ATUALIZADA!

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Essa semana com POISONBLACK - Rush! Confiram ;D

O amor não é cego

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Há quem me diga que o amor é cego,
E brada tais palavras com certeza.
Não sabem deste amor a natureza
E tais brados são os que eu sempre nego
(e ao Amor sempre me entrego.)

Quem o diz não teve mulher amada:
Das que são fiéis à bela liberdade,
Que vivem com perfeita seriedade
Em um estado constante de risada.

Espero que eles peçam perdão
Dos tolos que falam sem pensar:
Como pode ser cego, se no olhar
De quem se ama se encontra o coração?




Bruno Marconi da Costa - Rio de Janeiro - 15/01/2008 (00:45)

Espero que gostem, fiz tentando dormir e depois de ler uns dez sonetos de Camões.
Beijos e abraços!
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Carta ao Sentimento de Perda

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Mente do Bruno, alguma data estipulada pelos homens.

Caro Sentimento de Perda,

Quando você vier, peço que seja tranqüilo e brando. Não me faça entrar em desespero, pois tenho que lidar com o que perdi, com o que ficou, comigo e com você.

Peço também para que não seja vazio e sem sentido, de tal maneira que, mesmo que sua presença seja algo negativo, eu possa colher algo que me faça amadurecer nesse estado ressentido.

Venha, e quando vier, faça-me sentir que perdi apenas o que realmente foi embora, e não todas as milhares de coisas ao meu redor que me fazem ter motivos para viver.

Já que você tem que vir, que me morda e me assopre, não me faça afogar em lágrimas e nem me sufocar no meu amor-próprio, mas sim a noção de que as coisas vão e vêm, e que nenhuma Vida é um caminho de terra trilhado no meio dos campos verdejantes, e sim asfalto esburacado no meio de uma cidade barulhenta e cheia de curvas.

Ao invés de me prender à coisa perdida, venha e me traga a Liberdade daqueles que amam puramente, sem egoísmo e com olhares gauché sobre tudo que já foi embora, prezando apenas pelo bem-estar dos que ficaram e de mim mesmo.

Enfim, queridíssimo Sentimento de Perda, seja Divino, e não Humano.

Beijos,

Bruno.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Sobre os Sorrisos Matinais

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As pessoas devem perguntar por que eu desejo "Sorrisos matinais" para os que eu guardo afeto. De fato, não é algo muito comum de se desejar, e pretendo usar os próximos parágrafos para explicar pelo menos em parte o que significa isso.

Desejar "felicidades" é algo muito demodê, concorda? Além de ser algo vago demais... "Felicidades", dependendo da pessoa, pode ser um emprego, um carro, dinheiro, uma namorada, uma curtição com os amigos, tomar cerveja com Trakinas o dia inteiro, etc. O que me questiono é: essa felicidade é duradoura?

Felicidade eterna é inexistente, para mim. É impossível ser feliz o tempo todo, e quem deseja isso é no mínimo um iludido e esquizofrênico que não anda na rua para não ver mendigos segurando a barra de sua calça e pedindo alguns centavos para seu pão diário.

Então, felicidade passageira por felicidade passageira, eu acho que o melhor é que ela seja de manhã! O que eu quero para cada um é que vocês acordem de manhã, se olhem no espelho, dêem um sorriso e consigam falar "tá aí uma pessoa feliz". Pronto! Nada mais atrapalhará o seu dia, tudo vai ser visto com mais tranqüilidade e, enquanto você conseguir manter o sorriso matinal, você vai viver de uma maneira muito mais branda e leve!

Então, a melhor maneira de começar o dia é com um sorriso, e perceber que a sua vida lhe agrada - por mais que anseie por mais - e que nada, ou pouca coisa, pode abalar esse seu estado de espírito.

A todos que estão lendo, muitos Sorrisos Matinais em 2008 e nas suas vidas!
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Eu te sinto assim

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Eu te sinto assim porque você é da maneira que você é: intensa, porém discreta. Você está presente mesmo não estando, e talvez isso seja apenas um eco dos momentos que estou em sua companhia, trocando sorrisos e palavras doces embaixo dos carvalhos milenares ou das árvores plantadas no cimento e nos asfaltos do Rio de Janeiro.

Você tem uma voz que é tão baixa e tão rara, tanto em qualidade quanto em quantidade, que uma palavra sua ganha importância maior do que mil palavras de qualquer um, pois se valoriza e todos querem ouvir quando é falada. Isso por um lado é bom, e por outro, ruim: realmente, você ouve mais do que fala, talvez por respeitar o fato de ter dois ouvidos eu uma boca, mas isso leva a todos desconhecerem a maneira que você pensa. Daí vem o grande mistério, criando as dúvidas dos que gostariam de ter qualquer relação com você. Daí vem a grande mágica.

Você canta sem emitir som, e mesmo assim, eu consigo imaginar sua voz tomando conta do ambiente. Talvez pelo fato de você não ter média e nem pequena estatura e conseguir chamar atenção de todos em qualquer lugar que vai. Quando você entra em um lugar, parece que dança em volta de todos, mesmo ficando parada o tempo todo. Um ballet magestoso, com sorriso entre os lábios e refrescando a todos com a leveza e o vento proveniente dos seus movimentos.

Você tem esse sorriso aberto, porém confiado apenas a quem lhe consegue fazer sorrir. Por ser tão moderadamente sorridente, outra coisa rara e gratificante de ver é você gargalhando e mostrando que, pelo menos uma vez ou outra, eu lhe fiz feliz.

Eu te sinto assim porque você é pura poesia, rodando minha casa nos dias de chuva e me fazendo lembrar de tudo que tivemos, imaginando tudo que podemos ter. Sua imagem balança o mundo, me faz sentir quem eu sou e sentir o que eu tenho medo de sentir por você, por você ser tão fechada e rara em tudo que faz. Ainda assim existem os carvalhos e as árvores artificialmente plantadas, que guardam as doces lembranças, dos tenros abraços e dos contínuos beijos, protegidos do Sol pelas folhas e protegidos do esquecimento pela Memória e pelas cartas que lhe escrevi.

Teste!

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Porque primeiro post é TESTE sempre :D