quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Brasileiros, sim. Mas... por quê?

Posted in , , by Bruno Marconi da Costa | Edit
Falar de uma identidade nacional brasileira é complicado, devido a multiplicidade de culturas presentes dentro do território conhecido como Brasil. Levando em consideração que qualquer divisão política é uma total abstração - por exemplo, não existiu um Império Romano de uma maneira natural, e sim uma convenção entre os homens - o que faz de mim, um carioca, de um acreano, de um cearense ou de gaúcho, brasileiros?

De fato, não é a língua. Acho que há um bom tempo a língua deixou de ser um fator para a criação de uma identidade nacional. Vamos ao exemplo da Suíça: o norte fala alemão, o nordeste fala francês e o sul italiano, e mesmo assim todos levantam os braços e se auto-proclamam suíços. A Língua Portuguesa não é unitária no Brasil, visto que existem várias expressões que as diferentes regiões não se fazem entender. E, mesmo se fosse unitária... Portugal, Angola e Moçambique seriam Brasil?

Com certeza também não é a religião, por motivos óbvios e claramente vistos no cotidiano. Mesmo a maioria da população se dizendo católica, existem milhões de protestantes, evangélicos, espíritas, seguidores das religiões afro-descendentes... logo, não existe uma verdadeira unidade.

Se formos ver pelo lado da Cultura, menos ainda. Podemos tomar por exemplo a visão que o Brasil exporta em relação ao seu turismo. Ele não exporta o Cangaço, os índios amazônicos, a música sertaneja ou o Centro de Tradições Gaúchas. Ele exporta o Corcovado, a caipirinha, samba, carnaval, bundas... de fato, características bastante regionalizadas do sudeste brasileiro, mais especificamente do Rio de Janeiro.

Não é o índio, porquê não influênciaram muito na população brasileira por terem sido dizimados na colonização. Não é o português, porquê existiram outros colonizadores europeus. Não é o negro, porquê não existe a cultura negra é só uma parte no Brasil. Não é o asiático porquê vieram tardiamente.

Mesmo assim, mesmo não encontrando um motivo real, algo que nos una por completo, todos gritamos "SOU BRASILEIRO", com orgulho ou não. E realmente, esse meta-nós pode ser a única coisa que nos une. Não é, de longe, porque nascemos em algum lugar, pois filhos de brasileiros no exterior podem ser considerados brasileiros. Não é, também, o fato de estarmos sob a presidência de um mesmo senhor sem dedo, pois nem todos votaram nele. E é claro que essa união sem motivo é boa para esse tal Brasil que não sabemos o que é, visto que temos algo pelo que lutar, algo para transformar, e com certeza segregação nos seria nocivo: "dividir para conquistar", diziam os Romanos. Então, quanto mais aceitarmos as diferenças entre as regiões e tentar consertar o que há de mal, melhor para essa nação em constante construção, que é o Brasil.

3 Comments


  1. Abakauê says:

    Cara! Esqueceu de levar em conta uma das coisas mais importantes na hora de analisar a identidade brasileira... O Sincretismo cultural (em várias esferas de cultura) que ocorre aqui no Brasa, que, apesar de todas as críticas e ressalvas, é o país cuja realidade convive mais diretamente com diferentes culturas, o que leva a uma mistura bem maior e de coisas bem diferentes... Eu não consigo distinguir ainda a identidade nacional, mas tenho certeza que passa por aí...
    Acho que a questão não é mais aceitarmos as diferenças, porque elas já foram aceitas. A questão é descobrirmos o que há de bom na diferença. Tá ligado "dialética"? A parada agora é Dialética Cultural!
    Beijos!

    24 de janeiro de 2008 às 16:26

  2. Verônica says:

    Há! Gostei dessa idéia do "que há de bom na diferença"!
    Seu texto me lembrou minhas aulas perfeitas de geografia *-*

    24 de janeiro de 2008 às 16:59

  3. stoubby says:

    tio fernando barbudo narigudo fala isso ;)
    eu posso assinar aki msm?
    alteridade e empatia, palavrinhas mágicas que deveriam ser levadas em conta nas relações sociais.

    ah! só p/ constar.
    eu n votei no 9 dedos.há.

    bjão ;*

    31 de janeiro de 2008 às 11:49